SUPERAÇÃO COM RESPONSABILIDADE

Negar que o esporte brasileiro passa por um processo de evolução em termos de gestão seria injusto, basta comparar o passado não muito distante e o cenário atual.

Eventuais julgamentos contrários estão ligados à ansiedade causada pela expectativa de mudanças mais velozes, aditivada pelos críticos que, por não serem convidados para “implantar suas fórmulas mágicas”, acabam ganhando espaço nas redes sociais e até em veículos, digamos, pouco responsáveis com seu conteúdo.

É certo também que o caminho a ser percorrido ainda é bastante longo, principalmente quando usamos como parâmetros os países mais avançados e o mercado corporativo, ilustra essa afirmação a estagnação em certas áreas da gestão esportiva, como o marketing, por exemplo. A distorção acerca de sua utilidade é uma das responsáveis por sua não evolução, ainda que tenha começado a fazer parte da maioria dos organogramas das organizações.

Exemplifica bem esta realidade, a pouca importância que se dá ao posicionamento das suas marcas. Sim, parece meio sem sentido para os que conhecem marketing ver clubes e confederações presentes em mídias sociais, vendendo propriedades de mídia, fazendo eventos, etc., sem ter uma linha estratégica que venha embasar e estabelecer algumas características que ajudariam a fortalecer a imagem como gostariam de serem percebidos.
Na verdade, não ligam para isso, acham que conquistas, fãs, seguidores e “bom relacionamento” já são suficientes para se obter patrocínios.
Esquecem, infelizmente, que dessa forma estão se equiparando a meros vendedores de espaços publicitários, fato que os colocam num oceano vermelho ao disputarem mercado com grandes veículos de comunicação ou com organizações que sejam maiores em termos de fãs, isso sem falar que conquistas são efêmeras.

Mas, assim como toda unanimidade é burra, como já dizia o grande tricolor Nelson Rodrigues, toda generalização também é, de forma que com grata satisfação podemos ver que a Confederação Brasileira de Triathlon, atenta à forte competição por patrocínio, fãs, praticantes, espaço na mídia e atenção, se conscientizou acerca da necessidade de se posicionar e, mesmo sem grandes recursos conseguiu desenvolver internamente esse processo, chegando ao “SUPERAÇÃO COM RESPONSABILIDADE”.

Superação advém da percepção que a modalidade seja talvez a que mais requeira essa característica, pois, além da necessidade de administrar o tempo para organizar os treinamentos das três modalidades, a competição requer um esforço sobre humano em todas as etapas de forma contínua, além de estratégias para que não haja desequilíbrio.
Já a responsabilidade se traduz no aspecto democrático no que tange a praticantes, visto que pessoas dos mais variados perfis demográficos podem vir a treinar e competir. Somado a isso, as opções de distâncias permitem que níveis diferentes de objetivos sejam adequados às características de treinamento dos praticantes, isto é, quem disputa uma competição do chamado Sprint Triathlon (750 metros de natação, 20 km de ciclismo e 5 km de corrida) é tão triatleta quanto o que faz o Long Distance (3,8 km / 180 km / 42 km) e ainda pode, ao longo do tempo, se planejar para novos desafios.
O posicionamento neste caso foi uma excelente forma de enaltecer os valores do triathlon, os quais são desejados por qualquer corporação preocupada com resultados e sustentabilidade.
Os elogios ao Triathlon Brasil, no entanto, não devem ficar restritos a essa iniciativa, visto ser ela fruto de uma governança que foca todos os aspectos fundamentais para uma boa gestão, sendo a atenção ao marketing em sua essência apenas uma pequena amostra disso.

Idel Halfen, especialista em Marketing e consultor Triathlon Brasil

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